No post de hoje, eu trouxe a resenha de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Uma excelente obra da Literatura Brasileira.
Vidas Secas narra a trajetória de uma família de retirantes no sertão nordestino que na época da seca precisa migrar na esperança de encontrar melhores condições para sobreviver.
Nesse sentido, Graciliano Ramos é mestre em representar através da sua obra a vida do nordestino com todas as suas mazelas. A condição humana é mostrada de forma bastante realista em Vidas Secas.
A família, composta por Fabiano, Sinhá Vitória, Menino mais velho e Menino mais novo. Além da cachorra Baleia que é considerada um integrante da família.
Contudo, Fabiano é um homem rude, de poucas palavras, sem instrução alguma. Com isso, se sente inferior aos demais, é um homem submisso que não consegue ter uma opinião própria.

Vidas Secas, de Graciliano Ramos
ISBN-10: 8501067342
Ano: 2005
Páginas: 175
Editora: Record
Skoob: adicione
Trabalha como vaqueiro e sempre se sente enganado na hora de receber o pagamento.
Do mesmo modo, Sinhá Vitória é uma mulher forte e trabalhadora que cuida da casa, dos filhos e sempre sonha com um futuro melhor.
Seu sonho de consumo é comprar uma cama de couro, igual a de Seu Tomás da Bolandeira.
Então, o menino mais velho sentiu vontade de aprender sobre as palavras e certo dia ao ouvir a palavra “inferno”, ficou curioso para saber o seu significado.
No entanto, ao questionar Sinhá Vitória, não recebeu uma resposta satisfatória e quando decidiu perguntar a Fabiano, acabou ficando sem resposta.
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O desejo do Menino mais novo era apenas se tornar vaqueiro igual ao pai e sentia orgulho quando via Fabiano vestido as roupas de vaqueiro.
A cachorra Baleia protagoniza um dos momentos mais emblemáticos do livro. Com características humanas, Baleia pensa e sonha.
Graciliano Ramos constrói em Vidas Secas um retrato fiel da pobreza extrema e da relação do ser humano com a natureza implacável do sertão nordestino. O autor utiliza uma linguagem econômica, direta e sem floreios, o que transmite a sensação de um mundo árido e sem esperança.
A seca, que é uma constante na vida dos personagens, é mais do que um fenômeno natural; ela é um personagem em si, responsável por moldar os destinos e os comportamentos dos indivíduos.
A crítica social é evidente na forma como a pobreza é retratada: Fabiano e sua família não têm escolhas, são prisioneiros de uma estrutura que os oprime e os mantém na miséria.
Ao mesmo tempo, a obra também expõe a alienação dos personagens, que vivem uma vida sem expectativas, sem a possibilidade de mudança. Graciliano não faz concessões à emoção fácil; ele apresenta um retrato cru, mas real, do sofrimento humano.
Ao longo da obra, a seca não é apenas uma dificuldade física, mas também uma metáfora para a falta de oportunidades e de liberdade.
O autor faz uma crítica à sociedade brasileira da época, que ignorava o sofrimento das populações mais pobres, especialmente no Nordeste, e a incapacidade do Estado em proporcionar soluções para os problemas da região.
Por fim, o livro possui treze capítulos que podem ser lidos em qualquer ordem, exceto pelo primeiro (Mudança) e o último (Fuga) que deverão ser lidos na ordem em que aparecem para fazer sentido.
Apresenta uma linguagem simples, com termos bem regionalista e traz uma forte crítica social, direcionada ao governo, aos ricos fazendeiros e aos militares.
A obra de Graciliano Ramos foi adaptada para o cinema em 1963, com a direção de Nelson Pereira dos Santos. O filme, assim como o livro, é um retrato duro da realidade nordestina, mantendo o espírito de denúncia social.
A adaptação cinematográfica ganhou grande repercussão e se tornou um clássico do cinema brasileiro, assim como o livro de Graciliano.
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Sinopse: O que impulsiona os personagens é a seca, áspera e cruel, e paradoxalmente a ligação telúrica, afetiva, que expõe naqueles seres em retirada, à procura de meios de sobrevivência e um futuro. Apesar desse sentimento de transbordante solidariedade e compaixão com que a narrativa acompanha a miúda saga do vaqueiro Fabiano e sua gente, o autor contou: “Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora na zona mais recuada do sertão… os meus personagens são quase selvagens… pesquisa que os escritores regionalistas não fazem e nem mesmo podem fazer …porque comumente não são familiares com o ambiente que descrevem…Fiz o livrinho sem paisagens, sem diálogos. E sem amor. A minha gente, quase muda, vive numa casa velha de fazenda. As pessoas adultas, preocupadas com o estômago, não tem tempo de abraçar-se. Até a cachorra [Baleia] é uma criatura decente, porque na vizinhança não existem galãs caninos”. VIDAS SECAS é o livro em que Graciliano, visto como antipoético e anti-sonhador por excelência, consegue atingir, com o rigor do texto que tanto prezava, um estado maior de poesia.
Pense num livro que toca profundamente minha alma. Amo.
Concordo. Tb gosto muito desse livro.♥
Oies! Esse é um dos meus livros preferidos da vida! <3 <3
Tb gosto muito!❤