Neste post eu trouxe a resenha de O Sol Ainda Brilha, de Anthony Ray Hinton é um retrato triste de injustiça e preconceito racial sofrido por Anthony.
Um homem negro que passou 30 anos de sua vida no corredor da morte lutando para provar sua inocência.
Antes de conhecer este livro, eu acreditava que histórias como esta só existissem em roteiros de filmes e séries. No entanto, para minha tristeza eu estava totalmente enganada.
Esta é a história real de um homem que ficou preso durante trinta anos no corredor da morte por crimes que não cometeu.
“— Aplique-me um teste no detector de mentiras, faça eu tomar o soro da verdade, use hipnose, me dê o que for que possa mostrar a eles que estou dizendo a verdade.”
Anthony Ray Hinton nasceu no Alabama, Sul dos Estados Unidos. Desde muito cedo precisou encontrar meios para conviver em uma sociedade, na qual nascer pobre e negro era quase uma sentença de morte.
Diante disso, em uma noite de 1985, Hinton estava trabalhando em um supermercado e a 25 km dali, um gerente de restaurante é sequestrado e leva um tiro.
Ele sobrevive e mais tarde identifica Anthony Ray Hinton como o criminoso que quase o matou. Hinton foi preso enquanto cortava a grama do jardim de sua mãe. A polícia encontrou uma velha arma que sua mãe guardava em casa.
Mesmo tendo passado por vários momentos difíceis por conta da cor da sua pele, Hinton jamais poderia imaginar que aquele dia seria o início de muitos anos de injustiça, sofrimento e descaso.
Negro, pobre e sem condições de contratar um bom advogado, Anthony Ray Hinton ficou a mercê de advogados que não se importavam com a sua situação e não faziam nenhum esforço para defendê-lo, visto que, também não acreditavam na sua inocência.
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No entanto, ele afirma que se tivessem empregado algum empenho da parte do seu advogado na tentativa de esclarecer a verdade dos fatos ele não teria ficado preso por tanto tempo.
Visto que, quando os crimes ocorreram ele estava trabalhando em um local totalmente seguro com guardas e com um rígido controle de entrada e saída de pessoas.
Além disso, devido a distância entre o armazém e o local onde os crimes foram cometidos, seria humanamente impossível ele ter se deslocado, cometido os crimes e voltado ao trabalho sem que ninguém desse pela falta.
Na realidade, eles não se importavam em descobrir o culpado, eles queriam um culpado.
” — Veja, eu não quero saber se você é culpado ou não. Na realidade, eu acho que não foi você. Mas não importa. Se não foi você, foi um dos seus irmãos. E você vai levar a culpa.”
Desse modo, pouco tempo depois, Anthony Ray Hinton foi julgado e sentenciado à morte na cadeira elétrica.
Levado ao corredor da morte, lá permaneceu até 2015 quando conseguiu provar sua inocência. Durante todos esses anos, apenas duas pessoas não deixaram de visitar Hinton na prisão: sua mãe e o seu amigo de infância Lester Bailey.
No corredor da morte, Anthony Ray Hinton passou vários anos sem perspectiva nem esperança de obter liberdade.
Os advogados designados para cuidar do seu caso não estavam nem um pouco interessados em provar sua inocência.
“Perda, dor e um loucura fria que desafiava as palavras flutuavam na sujeira e na imundície que nos cobria a todos. o inferno era real, e tinha um endereço e um nome. Corredor da Morte, Prisão Holman. Aonde o amor e a esperança vinham para morrer.”
Nesse meio tempo, Hinton buscou uma forma de melhorar tanto a sua vida quanto à daquelas pessoas que já não tinha mais nenhuma esperança.
Ele criou um clube do livro dentro do corredor da morte.
A leitura seria um meio de fuga para aqueles que jamais iriam sair daquele cubículo e poder vislumbrar qualquer outro ambiente.
“Se os caras tivessem livros, poderiam viajar o mundo. Ficariam mais inteligentes, mais livres. No passado, nos dias da escravidão, havia uma razão para que os donos de fazendas não quisessem que seus escravos aprendessem a ler.”
Nesse sentido, O Sol Ainda Brilha nos mostra como um sistema judicial precário, composto por membros preconceituosos, pode cometer erros irreversíveis e destruir a vida de uma pessoa.
Neste livro, Anthony Ray Hinton revela toda sua fé, esperança e luta contra todas as formas de injustiça.
Enfim, este é um relato impressionante de alguém que viveu e sofreu na pele o preconceito racial, as injustiças e o descaso de um sistema que pune não de acordo com as provas obtidas, mas sim, de acordo com a cor da sua pele.
Só em 1999, quando Hinton entra em contato com o advogado Bryan Stevenson e sua equipe, é que ele consegue reavivar a esperança em um dia se ver livre daquele lugar.
O Sol Ainda Brilha traz uma história bem pesada, mas que por alguns momentos é possível encontrar um certo alívio cômico. Mesmo tendo passado por toda essa tragédia, ele não deixou que seu espírito se abatesse.
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Logo, durante a leitura de O Sol Ainda Brilha, foi impossível não me recordar de outro livro, que também aborda o tema do preconceito racial, que é a obra “O Sol é Para Todos”, da autora Harper Lee.
Além disso, este livro traz essa referência e de outras obras. “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”, de Maya Angelou e “Vá ao Alto da Montanha dizer issso”, de James Baldwin são alguns exemplos.
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ISBN-13: 9788554126254
Ano: 2019
Tradutor: Luis Reyes Gil
Páginas: 320
Editora: Vestígio
Skoob: adicione
*Livro cedido pela Editora Vestígio
Sinopse: Em 1985, Anthony Ray Hinton foi preso sob duas acusações de assassinato no estado do Alabama, sul dos Estados Unidos. Atordoado, confuso e com apenas 29 anos de idade, Hinton sabia que se tratava de um erro de identidade e acreditava que a verdade provaria sua inocência e acabaria por libertá-lo rapidamente.
Mas sem nenhum dinheiro e com um sistema de justiça que operava de maneira diferente para um homem negro e pobre do Sul, Hinton foi condenado à cadeira elétrica. À medida que compreendia e aceitava o próprio destino, ele decidiu não apenas sobreviver, mas encontrar uma maneira de viver no corredor da morte, tornando-se luz na escuridão para si mesmo e para seus colegas detentos.
O sol ainda brilha é um depoimento extraordinário sobre o poder da esperança nos momentos mais sombrios. O livro de Hinton conta sua dramática jornada de trinta anos e mostra que é possível tirar de um homem sua liberdade, mas não sua imaginação, seu humor ou sua compaixão.
Oies Gio! Vejo vc falando tanto desse livro nos últimos dias que quero muito ler, apesar de saber que vou sofrer muito!
Com certeza! Não tem como não sofrer junto com Anthony. Mas vale muito a pena conhecer esta história. ❤❤
🙂
Quando comecei a ler sua resenha me veio a obra de Harper Lee na mente. Talvez o título do livro de Hinton seja até mesmo uma alusão a um dos clássicos mais famosos que abordam racismo. Gostei muito da resenha. Parabéns!
Muito obrigada! Também acredito que o título seja uma referência à obra de Harper Lee. ♥
Pelo jeito Maya Angelou é realmente uma grande referência nos EUA! 🙂
Que livro ótimo!.
Maravilhoso mesmo. Recomendo! ❤
Ah, Gio, muito, muito obrigada por dividir essa leitura conosco trazendo essa resenha impecável!
Quero muito ler esse livro (já fiquei interessada desde quando você trouxe a sinopse dele, mas agora, a vontade tornou-se uma necessidade)! Ele também me lembrou o fictício “À espera de um Milagre”, do Stephen King. E fiquei bem animada de saber que tenho “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola” e que é feito referência a ele. Saber que Hinton fundou um clube do livro enquanto esteve preso só aumentou minha curiosidade também.
Obrigada, obrigada, obrigada!