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Resenha: Do que estamos falando quando falamos de estupro

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Resenha do livro Do que Estamos Falando Quando Falamos de Estupro.

Esta obra choca desde o primeiro capítulo. Nele, a autora Sohaila Abdulali relata o estupro coletivo que sofreu quando tinha 17 anos e, ao contrário de muitas, ela decidiu romper a barreira do silêncio e enviar sua história para ser publicada em uma revista feminina.

Além disso, desde a sua graduação, Sohaila decidiu pesquisar sobre o tema estupro e mais tarde viria a trabalhar em um Centro de Emergência ao Estupro em Cambridge.

Terminei a leitura desse livro já faz quase um mês e ainda não consegui escrever sobre ele.

Imagine que falar de um livro que trata de estupro te deixa praticamente sem palavras, o que dizer então das vítimas de estupro que precisam ou desejam relatar a violência que sofreram?!

Nesse sentido, Sohaila Abdulali enfatiza a importância das vítimas não se calarem diante da violência sofrida.

Para ela, a partir do momento em que a vítima fala, ela deixa de ser apenas uma vítima e passa a reassumir algum controle

É possível perceber através dos vários relatos do livro que o estupro é um crime que está presente em praticamente todos os lugares e que abrange todas as classes sociais.

É claro que quem mais sofre com este crime são as mulheres, porém, existem relatos de homens que também foram vítimas de estupro. 

Sohaila Abdulali levanta uma importante discussão acerca do termo consentimento, sendo este, analisado em diferentes situações.

“Dizer “mais ela consentiu!” É apenas uma das milhares de formas que arrumamos para sair logo pondo a culpa na vítima.”

Resenha: Do que estamos falando quando falamos de estupro, de Sohaila Abdulali

A autora destaca ainda questões como o estupro de mulheres pelos próprios maridos.

Tem ainda as profissionais do sexo, que por estarem recebendo dinheiro por isso, são taxadas como merecedoras de tal violência.

“Ser uma profissional do sexo não significa que você merece ser estuprada. Ser uma esposa também não.”

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Por fim, muitos leitores poderão se questionar e até mesmo discordar sobre a forma como Sohaila fala sobre estupro.

Como a vítima não deve se calar diante da violência e que a pessoa que sofreu um estupro, pode sim, ter uma vida após um trauma de tal magnitude. Já se antecipando a isso, a autora afirma que: 

“Meu medo é que, ao dizer que ele não precisa ser o fim da esperança e da luz, eu possa parecer leviana e deixar de destacar o enorme sofrimento e o trauma das vítimas de estupro.”

Enfim, através dessa leitura, somos levados a repensar as nossas atitudes diante das vítimas, a questionar uma infinidade de regras e preceitos que vigoram em determinadas sociedades e religiões e acima de tudo enxergar a vítima com mais empatia e menos julgamentos. 

E se você gostou da resenha de Do que estamos falando quando falamos de estupro. Clique no link e compre o seu exemplar!

Leitura mais que recomendada!

ISBN-13: 9788554126346
Ano: 2019
Tradução: Luis Reyes Gil
Páginas: 256
Editora: Vestígio
Skoob: adicione

*Livro cedido pela editora Vestígio

Sinopse: Depois de sobreviver a um estupro coletivo aos 17 anos em Bombaim, Sohaila Abdulali ficou indignada com o silêncio ensurdecedor que se seguiu e escreveu uma coluna inflamada sobre a percepção acerca do estupro – e de suas vítimas – para uma revista feminina. Trinta anos depois, sem aviso, seu artigo voltou à tona e viralizou, na esteira do estupro coletivo ocorrido em Nova Deli, em 2012 (que resultou na morte da vítima), incentivando Abdulali a escrever outro artigo para o New York Times – que circulou amplamente – sobre o processo de cura de um abuso sexual. Agora, a autora apresenta Do que estamos falando quando falamos de estupro: um olhar profundo, generoso e inflexível sobre o estupro e a cultura do estupro.

Partindo de sua própria experiência, bem como de seu trabalho atendendo centenas de vítimas nos Estados Unidos, além de três décadas de trabalho intelectual feminista, Abdulali encara algumas das questões mais espinhosas sobre o tema. Em entrevistas com sobreviventes do mundo todo, ouvimos relatos emocionantes de força encontrada na adversidade, no humor e na sabedoria que contam, em conjunto, uma história maior sobre o significado do estupro e como a cura pode advir.

Abdulali também aponta questões sobre as quais não conversamos: Um estupro é sempre um evento que define uma vida inteira? Um estupro é pior do que outro? Um mundo sem estupros é possível?

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4 comentários em “Resenha: Do que estamos falando quando falamos de estupro”

  1. Oi, amiga, finalmente vim dar as caras por aqui. Eu imagino que esse livro seja daqueles que eu não conseguiria ler rapidamente, mas nem seria também pela questão de saborear a leitura, obviamente. Teria de ser uma leitura esporádica, porque é um assunto muito pesado, embora muito importante. Eu não tenho uma opinião formada sobre se a pessoa deve ou não expor tais abusos… cabe à própria pessoa decidir no seu íntimo. É realmente muito pessoal, mas ainda assim, cada voz que não se cala, é um ato de coragem contra as crueldades das pessoas. Gostaria muito de ler o livro, e toda vez que vejo ele nas livrarias lembro dessa sua resenha.

    1. Com certeza, a decisão de falar deve partir da própria pessoa, pois trata-se de algo pessoal e que envolve muito sofrimento. Por outro lado, tb acredito que quando uma mulher toma coragem e fala abertamente sobre o assunto como foi o caso da autora, ela acaba encorajando várias outras vítimas a fazerem o mesmo. É realmente um tema bem complexo e falar sobre isso deve ser muito difícil.

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